Cenário de boa parte do livro Istambul, do Nobel de literatura, Orhan Pamuk, o prédio de seis andares foi construído pelo avô do escritor para abrigar toda a família.
Quando fui a Istanbul a primeira vez, voltei encantada com a cidade. Passei a considerá-la a mais completa que conheci, aquela que eu visitaria quantas vezes fosse possível, sem enjoar.
Ali tem de tudo: história, tradição, exotismo, cultura, culinária, opções de compras, além de ser uma cidade muito bonita. Sabendo do meu “encanto”, logo que voltei um amigo me emprestou o livro Istambul, do Nobel de literatura, Orhan Pamuk, um relato apaixonado, mas melancólico, sobre a cidade, suas ruas, suas construções, sua gente. E o centro da narrativa é o Edifício Pamuk, um prédio de seis andares construído pelo avô do escritor para abrigar toda a família e onde o escritor cresceu.
Fiquei curiosa, desde en
tão, para saber exatamente onde ficava aquele edifício que foi cenário, entre outras coisas, dos encontros de damas da alta sociedade de Istambul, que se juntavam, nos dias de jejum do Hamadan, no apartamento da avó de Orhan para jogar cartas e conversa fora, a pretexto de aguardar o anoitecer para poder degustar as delícias preparadas na cozinha da casa. O escritor, no entanto, denuncia que elas comiam a tarde toda e, após o dia terminar, quando o jejum estava liberado, comiam tudo de novo…
Pois não é que, em 2012, quando voltamos a Istambul e batíamos pernas pelo badalado bairro Nisantasi, supermovimentado, sob certos aspectos, parecido com o bairro Jardins, em São Paulo, com suas lojas de grifes famosas ou não, mas sempre muito chiques, me deparo com quê? Exatamente ele, o Edifício Pamuk, onde, dizem, o escritor mantém um apartamento, na cobertura, para quando vai a Istambul (ele mora nos EUA, onde dá aulas em uma universidade).
Na hora, achei que havia sido mais que uma simples coincidência, que alguém havia mexido uns pauzinhos lá em cima para que eu, habitualmente tão distraída, prestasse atenção justamente naquela plaquinha na parede do edifício.
